Exposição na Biblioteca Nacional reúne mais de 70 obras de jovens atendidos pela rede pública de saúde mental do DF

A Biblioteca Nacional da República recebeu, nesta terça-feira (20), a abertura da exposição Cores do Sentir, uma iniciativa que coloca a saúde mental infantojuvenil no centro das atenções. A mostra reúne mais de 70 pinturas, desenhos e poesias produzidas por crianças e adolescentes assistidos pela rede de atenção psicossocial da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF).

Realizada em parceria com o Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Mental Infantojuvenil da Escola de Saúde Pública do DF (ESPDF), a ação faz parte da programação da Semana da Luta Antimanicomial. O objetivo é dar protagonismo aos jovens atendidos e valorizar a expressão artística como parte do processo terapêutico. Participaram da abertura cerca de 60 crianças e adolescentes, acompanhados por familiares e profissionais da área.

Segundo a enfermeira Mayhara de Carvalho, da Subsecretaria de Saúde Mental da SES-DF, o projeto contribui diretamente para a autoestima dos participantes:

“Para as crianças e adolescentes, é muito importante haver o pertencimento, e poder expressar seus pensamentos e sentimentos faz parte, inclusive, das estratégias de tratamento.”

As obras foram desenvolvidas durante os atendimentos realizados no Centro de Orientação Médico-Psicopedagógica (Compp), no Adolescentro e nas quatro unidades do Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (Capsi). As produções retratam o cotidiano dos jovens, incluindo temas como videogames, relações familiares, solidão, preconceito e liberdade. Um dos poemas diz:

“Com medo, eu bato as asas e voo sem rumo, sem direção, mas com coração em minhas mãos volto a ter razão.”

A mostra também evidencia como os jovens se conectam com questões atuais, como o meio ambiente e a música, além da importância do acolhimento respeitoso nos serviços públicos. “Há uma busca clara pelo respeito e contra estigmas que ainda cercam os usuários dos Caps”, reforça a equipe organizadora.

A subsecretária de Saúde Mental, Fernanda Falcomer, ressaltou os avanços estruturais e humanos na área:

“Estão em construção dois novos Capsis, em Recanto das Emas e Ceilândia, além da priorização de equipes capacitadas para o atendimento humanizado.”

A rede de atenção psicossocial do DF conta atualmente com 176 unidades básicas de saúde (UBSs), responsáveis pela entrada no sistema. Nelas, equipes de Saúde da Família atuam com psicólogos, terapeutas ocupacionais e outros especialistas. Casos graves e persistentes são encaminhados aos Capsis, unidades com equipes multiprofissionais localizadas no Plano Piloto, Taguatinga, Sobradinho, Recanto das Emas e Brazlândia — esta última referência nacional por ser o primeiro Capsi do Brasil.

O Compp atende crianças com transtornos mentais moderados, enquanto o Adolescentro dá continuidade ao atendimento de jovens a partir dos 12 anos até a maioridade. Ambos os serviços estão integrados à mostra Cores do Sentir, que reafirma o valor da arte como instrumento de cuidado e expressão na saúde pública.

De: Redação / Fonte: Agência Brasília / Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde

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