Pesquisa sueca divulgada em 2020 demonstra que, na faixa etária de 18 a 24 anos e em comparação a estudo de 2002, subiu em 11% o percentual de homens e em 4% o de mulheres que disseram não ter tido relações nos 12 meses.

Há de levar em consideração a Pandemia e as medidas de isolamento, sabemos que no Brasil e pouco respeitada.

A pesquisa aponta que apesar de conquistas na liberdade em falar da diversidade sexual e a liberdade sexual adquirida, ainda assim há registro de pouca prática sexual nos jovens adultos visto as gerações passadas na mesma faixa etária.

Os dados foram apurados na pesquisa pelo Instituto Karolinska, em Estocolmo, na Suécia, e pelo Departamento de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis, nos Estados Unidos.
Esse crescente desinteresse pelo sexo vem sendo chamado por especialistas de “apagão sexual”. Um fenômeno que causa algum espanto em uma sociedade que tem valorizado mais a livre expressão da sexualidade e em que alguns tabus, como a virgindade antes do matrimônio ser entendida como uma virtude, tornaram-se apenas remotos. Por que, na contramão dessas dinâmicas socioculturais, o apetite para o prazer erótico parece regredir?
Na avaliação do sexólogo Theo Lerner, o acontecimento não deve ser lido como um legado do conservadorismo, mas, entre outros fatores, como um efeito do advento tecnológico, que proporcionou dois fenômenos relacionados ao declínio dos índices de interações sexuais entre pessoas jovens. De um lado, há o acesso ilimitado a todos tipo de informações, “incluindo conteúdos pornográficos, que acabam por banalizar e estereotipar a prática sexual”, diz. De outro, há a virtualização das relações promovida pelas mídias sociais.

“Neste contexto, os relacionamentos passam a ser conduzidos como um videogame, com baixa tolerância à frustração, troca frequente e rápida de parceiros e com foco quase exclusivamente na atividade sexual. Os relacionamentos, então, passam a competir com outras formas de entretenimento menos trabalhosas e frequentemente perdem esta competição”, avalia o membro da divisão de clínicas ginecológicas do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HC-USP). E a pandemia de Covid-19 pode também contribuir para o afastamento dos jovens na medida em que o contato interpessoal se tornou mais dificultado, o que reforçou as formas de comunicação virtuais, complementa o estudioso.

Mas o “apagão sexual” não pode ser explicado apenas pela forte presença da tecnologia como intermediadora das relações humanas. “A atividade sexual pressupõe uma certa autonomia dos envolvidos. Jovens que demoram para amadurecer têm maior dificuldade em navegar nas incertezas do relacionamento interpessoal”, observa o sexólogo, lembrando que o fenômeno, em alguma medida, parece estar associado às estatísticas de uma tendência crescente em todo o mundo – e na América Latina, em especial. Ocorre que, nos últimos anos, filhos têm adiado cada vez mais a saída da casa de seus pais.

Autonomia para dizer não. Em um mundo que fala mais abertamente sobre sexo, há também maior liberdade para dizer “não”. Tanto que, hoje, fala-se sobre fenômenos como o estupro no contexto do casamento, um conceito sobre o qual pouco se debatia anos atrás e que defende a autonomia de a pessoa não se sujeitar ao sexo apenas para satisfazer sua parceria. Mais um sinal dessa conquista é a maneira menos tímida como pessoas passaram a se identificarem como assexuais.

Estudos e carreira. O especialista não acredita, todavia, que a priorização dos estudos e da carreira impacte nesse declinar do prazer sexual. Para ele, esses aspectos da vida entram na conta quando se fala na primeira gestação, que tem acontecido cada vez mais tardiamente. Mas, em relação ao “apagão sexual”, “a associação entre a diversidade de opções de lazer, a indisponibilidade para relacionamentos interpessoais e a baixa tolerância à frustração parecem ter uma influência maior”.

Óbvio que a banalização do sexo trás seus malefícios em todas as gerações, esses jovens quando adultos muitos irão procurar várias terapias para aceitar a rejeição e entender de verdade o que é desinteresse ou disfunção sexual.

Por: Kátia Arruda

Foto: Pinterest
Fonte: https://www.otempo.com.br

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