Maria Teresinha Cardoso será homenageada por seu legado na saúde pública e avanços no tratamento de doenças raras

Há mais de três décadas, quando a genética médica ainda era pouco explorada no Brasil, a médica Maria Teresinha Cardoso iniciou uma jornada que transformaria o cenário da saúde pública no Distrito Federal. Visionária, ela fundou o primeiro banco genético da Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), marco que revolucionou o diagnóstico e o tratamento de doenças raras na rede pública.

Pioneira na introdução do teste do pezinho ampliado, Maria Teresinha levou a triagem neonatal a um novo patamar. O exame, hoje capaz de detectar até 62 doenças raras em recém-nascidos, permite diagnósticos precoces e o início imediato de tratamentos, reduzindo sequelas e prevenindo mortes evitáveis.

A geneticista Maria Teresinha Cardoso lembra o tempo em que inaugurou o laboratório de citogenética no Hospital de Base:  “A gente batia na porta de todos os deputados para modernizar o serviço” | Foto: Arquivo pessoal

Formada pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP), a médica chegou a Brasília em 1973, quando a genética ainda não era parte da estrutura oficial do sistema de saúde local. Atuando inicialmente como patologista clínica, nunca abandonou sua paixão pela genética, despertada durante a graduação sob a orientação da renomada pesquisadora Iris Ferrari, da Universidade de Brasília (UnB).

Seu espírito pioneiro foi além da prática médica. Maria Teresinha estruturou do zero um ambulatório de genética no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), que se tornaria referência nacional em malformações congênitas. No Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), implantou um avançado laboratório de citogenética, tecnologia que permitiu identificar alterações cromossômicas, causas genéticas de abortos recorrentes e casos de infertilidade.

“O início foi difícil, batíamos na porta de deputados para conseguir apoio e equipamentos”, relembra a médica. Com dedicação e persistência, o laboratório foi modernizado com microscópios de alta definição, softwares especializados e computadores de ponta — investimentos que, ao longo dos anos, superaram os R$ 2 milhões.

Desde então, mais de 10 mil exames foram realizados, fornecendo respostas antes inacessíveis a milhares de famílias. Em 2007, a SES-DF realizou o primeiro concurso público para médicos geneticistas e implantou a residência em genética médica, garantindo a formação de novos profissionais. O trabalho rendeu frutos: em 2013, foi criada a Coordenação de Doenças Raras; em 2016, o Hospital de Apoio de Brasília (HAB) foi reconhecido como centro de referência nacional em doenças raras; e, em 2019, o Hmib conquistou o mesmo reconhecimento.

Maria Teresinha acompanhou grandes revoluções da área, como o Projeto Genoma Humano. “Foi um salto na agilidade do diagnóstico e na redução de custos para o sistema público”, destaca.

Casada com médico e mãe de quatro filhos — três deles também médicos —, Maria Teresinha se aposentou em 2024, mas segue atuando como voluntária no HAB, instituição que ajudou a consolidar como referência. Na próxima segunda-feira (26), será homenageada em cerimônia no auditório do hospital, em reconhecimento à sua trajetória e legado na saúde pública do DF.

Sua história inspira novas gerações e segue transformando vidas por meio do conhecimento e da dedicação.

De: Redação / Fonte: Agência Brasília

 

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