Filme da boneca mais famosa do mundo não tem medo de tocar em assuntos espinhosos, e faz tudo isso com um toque cor de rosa

Fenômenos culturais não surgem do dia para a noite, mas, quando acontecem, são capazes de gerar reações realmente especiais. Esse é o caso da Barbie, a “boneca mais famosa do mundo”. Presente na realidade de crianças e adultos há várias décadas, a marca é conhecida por acompanhar gerações e fazer parte do imaginário popular. E tudo isso se intensificou com o lançamento do filme live-action, que inspira desde roupas, até comidas, decorações e, claro, brinquedos. Mas o que há por trás deste fascínio com o mundo cor de rosa?

Curiosamente, este é um dos temas abordados pelo filme dirigido por Greta Gerwig e protagonizado por Margot Robbie. Como já mostrado nos trailers, a trama mostra Barbie vivendo uma vida perfeita, até que começa a ter pensamentos estranhos e precisa ir para o “mundo real” entender o que está acontecendo. Esse é o ponto de partida para um roteiro que não tem medo de tocar em todos os assuntos espinhosos possíveis.

Sem entregar muito, pois é importante que o espectador saiba o menos possível sobre este filme antes de assistir, Barbie olha para a própria história e mistura a jornada de sua protagonista com vários problemas extremamente reais. O curioso, na verdade, é como isso dá certo em tela, com grandes méritos para a dupla Robbie e Ryan Gosling (Ken), e também para a própria Gerwig, que conduz a história contrapondo o peso e a leveza necessários em cada momento.

Durante o terceiro ato de Barbie, por exemplo, é comum que uma cena extremamente emotiva seja seguida de uma piadoca, mas a execução passa longe do mau gosto de algumas sequências da Marvel e soa como um momento lúdico, quase que para lembrar o público de que os personagens em tela ainda são, na verdade, brinquedos um pouco perdidos pela vida.

São nestes momentos que o longa se sobressai, pois gera uma identificação única. Afinal, se a Barbie de Margot Robbie, com a “vida perfeita”, está com problemas, quem somos nós para não tê-los também? O filme caminha para uma discussão que vai além da boneca e entra em temas como amadurecimento e descoberta da vida. Há um paralelo claro entre como meninas deixam de brincar de bonecas quando entram na adolescência, e como a própria protagonista começa a ter momentos de epifania, percebendo que o mundo real está longe da perfeição imaginada durante a infância – especialmente para as mulheres.

Foto de Barbie
Barbie pode ressoar diferente com cada pessoa, mas tem um algo a mais para o público feminino (Divulgação)

Neste sentido, há momentos e diálogos que são dignos de discussões por dias, e podem fazer muitas pessoas saírem das salas de cinema um pouco atordoadas. Essa foi parte da minha experiência durante a exibição para a imprensa, em um dos eventos mais cheios do ano (e, talvez, dos últimos tempos). Quando o logo do filme subiu antes dos créditos, não foi raro encontrar amigos se encarando e tentando digerir o que tinham acabado de assistir.

Cada um estava pensando sobre os temas, rindo ou chorando de momentos potentes do terceiro ato, todos com as emoções à flor da pele. E não é, afinal, esse o propósito de assistir a uma boa história? Em um mar de filmes que se repetem, grandes franquias, reboots e remakes, sair do cinema sentindo algo além, que vai me fazer pensar durante dias, foi como um refresco bem-vindo.

E seria fácil para Barbie usar o espaço de um filme live-action próprio para contar outras histórias e não olhar para si. Mas Greta Gerwig abraça sem dificuldade uma certa autocrítica, levando para o roteiro argumentos (alguns até válidos) facilmente encontrados na rede social mais próxima sobre o papel benéfico ou não da imagem da boneca na vida de crianças ao redor do mundo.

Não há uma resposta certa, assim como não há uma resposta certa para diversas conversas iniciadas pelo filme. O charme da produção é, justamente, nos fazer pensar sobre esses momentos e, ao mesmo tempo, ser o live-action de um brinquedo da Mattel, com todas as questões comerciais que isso implica. Como a boneca perfeita que é, Barbie brinca consigo mesma e com a nossa própria percepção sobre diversos aspectos da vida.

A mistura de tantos temas importantes com um toque cor de rosa e humor honesto resulta em uma história que merece ser assistida. Talvez nem todos os momentos ressoem com todas as pessoas, mas só a coragem de falar sobre tudo isso prova, mais uma vez, porque Barbie merece o status de um fenômeno cultural que está longe de acabar.

Barbie chega aos cinemas brasileiros em 20 de julho

De: Redação / Fonte: Jovemnerd

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui