Todas as sete modalidades do exercício são oferecidas gratuitamente nos COPs em turmas mistas, compostas por pessoas com e sem deficiência

Sempre que vai ao Centro Olímpico e Paralímpico de Samambaia, o jovem Gustavo Silva Horta, 17 anos, se sente diferente. É a sensação de acolhimento que muitas vezes falta em outros locais. Lá, o adolescente, que tem transtorno do espectro autista (TEA), pratica duas atividades físicas em turmas mistas, ao lado de pessoas com e sem deficiência: jiu-jitsu e futebol.

Aulas de jiu-jitsu e das outras modalidades são oferecidas em turmas mistas, seguindo o conceito de inclusão | Fotos: Tony Oliveira/Agência Brasília

“Por ele ser autista, eu me sinto até emocionada”, define a mãe, a dona de casa Evanyr Santana da Silva, 52 anos. Ela acompanha Gustavo em todas as atividades e pode ver de perto como o filho se desenvolve em meio a turma inclusiva. “Nesse momento aqui, eu sinto que meu filho está incluído, que as pessoas o estão vendo de verdade. Ele chega em casa feliz da vida. Já sonha até em ser atleta”.

“A arte marcial é uma atividade extremamente inclusiva”José Luciano, diretor de Artes Marciais e Lutas da Secretaria de Esporte e Lazer

Gustavo entrou no jiu-jitsu neste ano, mas é velho conhecido do COP de Samambaia, onde já fez atletismo, basquete e peteca, sempre em turmas mistas. “Eu fico animado e ansioso de vir para cá; quando venho, sinto uma energia boa”, afirma. Ele diz que sonha em se tornar jogador de futebol e seguir os passos de seu ídolo, o argentino Messi. Mas agora também já se imagina como atleta de artes marciais: “Quem sabe, né? Tenho pensando nisso, porque gosto da parte de luta. Quem sabe eu possa ganhar algumas medalhas.”

O jiu-jitsu está entre as seis artes marciais (karatê, judô, taekwondo, boxe, capoeira e capoterapia) ofertadas pela Secretaria de Esporte e Lazer (SEL) nos COPs, com turmas regulares. Homens, mulheres, idosos, pessoas com deficiência, todos praticam juntos. “A arte marcial é uma atividade extremamente inclusiva”, explica o diretor de Artes Marciais e Lutas da SEL, José Luciano. “Evitamos ter aulas separadas, por determinação da nossa secretária. Todos treinam juntos. Aqui a gente aplica o conceito de inclusão, respeito, hierarquia, e funciona.”

A prática mista garante ensinamentos para todos. “É fantástico, porque ensina concentração, a monitorar os movimentos, a trabalhar os limites”, conta o gestor. “Os outros alunos também aprendem muito, com essa sensibilidade e percepção que eles têm. Temos alunos com as mais variadas deficiências e síndromes. Temos alunos com TEA, síndrome de Down, amputados, cegos. A nossa parte pedagógica é toda preparada para atender à família e os alunos.”

“Com toda essa inclusão, vemos a democratização do esporte”Giselle Ferrreira, secretária de Esporte e Lazer

Atualmente, os COPs têm 7 mil vagas destinadas à prática de artes marciais. Nem todas estão preenchidas, mas estima-se que 10% delas são ocupadas por pessoas com deficiência. “Uma coisa importante é que, nos últimos anos, o percentual de PCDs [pessoas com deficiência] mais que dobrou. Antes não chegava a 2%”, diz José Luciano.

Gustavo Silva Horta frequenta as aulas de jiu-jitsu no COP de Samambaia: “Quando venho para cá, sinto uma energia boa”

Avanços

Só no COP de Samambaia, são cerca de 100 alunos com deficiência inscritos em diversas modalidades. “Temos turmas inclusivas nas lutas, no futebol, na ginástica, no tênis, no atletismo, na natação, na hidroginástica. Todas já tiveram algum aluno PCD”, afirma a coordenadora de Pessoas com Deficiência do COP de Samambaia, Débora Leite Carmelo.

Segundo a gestora, antes de os alunos com alguma deficiência começarem nas turmas regulares, a coordenação faz uma avaliação – algumas vezes, até testes, sempre com o objetivo de atender as demandas. De acordo com Débora, as práticas são aliadas em diversos aspectos. “É algo para fugir de toda essa pandemia e um benefício grande para a saúde”, explica.

Para a secretária de Esporte e Lazer, Giselle Ferreira, a inclusão dentro dos COPs é fundamental. “Com toda essa inclusão, vemos a democratização do esporte”, valoriza. “É interessante porque temos as modalidades exclusivas [são 12 só para PCDs] e temos essas que são inclusivas – algo que faz toda a diferença nas nossas missões.”

De acordo com Giselle, o Centro Olímpico Parque da Vaquejada é responsável pelo maior percentual de PCDs no projeto de futebol do Instituto Léo Moura. “São mais ou menos 30% de alunos com deficiência, a maior quantidade do projeto no Brasil”, diz.

Inscrições

Os 12 COPs do Distrito Federal ofertam modalidades esportivas individuais e coletivas para crianças, jovens, adultos, idosos e pessoas com deficiência. As atividades são desenvolvidas nos turnos matutino, vespertino e noturno. Às segundas-feiras, as aulas ocorrem apenas no turno vespertino, das 14h às 18h; de terça a sexta-feira, das 6h às 22h; e sábado, das 6h às 13h.

As inscrições podem ser feitas neste site ou em uma unidade do COP. Todas as atividades são gratuitas.

Fonte: Agencia brasilia

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