O Ministério da Saúde confirmou o primeiro caso de reinfecção pelo novo coronavírus no Brasil.

Registrado no Rio Grande do Norte. Apesar de centenas de casos suspeitos, a pasta informou que, conforme critérios estabelecidos (leia mais abaixo), os resultados laboratoriais permitem confirmar que se trata do primeiro registro efetivo no país de uma mesma pessoa duas vezes contaminada.

De acordo com as informações divulgadas pela Secretaria de Saúde do RN, o caso foi confirmado por meio da metodologia da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) por sequenciamento genético.

A paciente tem 37 anos, mora em Natal e é profissional de saúde no Rio Grande do Norte e na Paraíba. Segundo a secretaria, o Cievs-RN (Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde do Rio Grande do Norte) recebeu a notificação de caso suspeito para reinfecção no dia 23 de outubro.

A primeira infecção dela aconteceu em junho. Na ocasião, ela apresentou um quadro de síndrome gripal — dor de cabeça, dor abdominal e coriza. Coletou amostra para teste de RT-PCR na Paraíba e o resultado foi positivo. Ela cumpriu isolamento social e se recuperou.

Em outubro, a paciente voltou a apresentar um quadro de síndrome gripal — fraqueza, dor muscular, dor de cabeça frontal e distúrbios gustativos e olfativos. Houve coleta de amostra para um novo teste, na Paraíba, que também foi positivo.

Em conjunto, Rio Grande do Norte e Paraíba investigaram o caso.

A secretaria informou que, após a investigação, as amostras foram encaminhadas para análise no laboratório da Fiocruz, no Rio de Janeiro, referência para investigação laboratorial de casos suspeitos de reinfecção pelo coronavírus, conforme fluxo estabelecido pelo Ministério da Saúde.

Linhagens distintas do vírus

Segundo a secretaria, foi constatada a presença de linhagens distintas do vírus nas amostras coletadas, “o que confirma o primeiro caso de reinfecção do país.”

A pasta informou que atualmente há outros cinco casos em investigação. Outros três foram investigados, mas não tinham viabilidade para análise.

Em nota, o Ministério da Saúde alertou que o caso reforça a necessidade da adoção do uso contínuo de máscaras, higienização constante das mãos e o uso de álcool em gel. “O Governo Federal está buscando o mais rápido possível a vacina confiável, segura e aprovada pela Anvisa, para que todos os brasileiros que desejarem possam ser imunizados”, acrescentou a pasta.

Por que outros casos foram descartados?

Centenas de casos de reinfecção vêm sendo estudados no Brasil desde o início da pandemia, mas o do Rio Grande do Norte foi o primeiro confirmado pelo Ministério da Saúde porque foi o único a preencher determinados requisitos, sendo o principal deles a distância entre as datas dos dois contágios: mais de 90 dias.

“Nós estamos estudando vários casos. Nosso laboratório atua como referência para o Ministério da Saúde. Temos recebido amostras de casos suspeitos. Até o momento tínhamos descartado todos, não eram casos de reinfecção”, disse Marilda Siqueira, chefe da Fiocruz que conduziu a pesquisa sobre reinfecção.

Critérios para definir a reinfecção

Ela listou os critérios que têm sido levados em conta para determinar o novo contágio.

“Temos que entender que estamos trabalhando com vírus que conhecemos desde janeiro, portanto tem lacunas de conhecimento. Um critério para definir reinfecção é que o intervalo de tempo entre primeira infecção e segunda não seja menos de 90 dias. Esse caso se encaixa, porque entre os dois episódios a paciente teve intervalo de 116 dias. Outro critério é que os resultados de PCR sejam positivos. E foram. Outro critério é o sequenciamento completo do genoma do coronavírus. Fizemos isso nos dois episódios e verificamos que os vírus pertencem a linhagens diferentes do coronavírus. Portanto, confirmando caso como sendo de reinfeção”, explicou ela.

Siqueira afirmou que os estudos sobre reinfecção ainda são poucos, mas indicam que os casos de pessoas contaminadas mais de uma vez são pouco frequentes.

“Estamos entendendo o processo de reinfecção. O que sabemos é que elas não são frequentes. No entanto, precisamos de muito mais estudos em diferentes países para uma melhor compreensão dessa frequência”, disse ela.

 

Por: Junim 10B

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