IA depende de grandes servidores, que precisam ser resfriados constantemente
As discussões sobre Inteligência Artificial continuam em alta, e um dos pontos que tem chamado a atenção é o consumo de água pelas IAs.
A IA depende de grandes servidores, que geram muito calor e precisam ser resfriados constantemente. Para evitar o superaquecimento dos data centers, são utilizados sistemas de resfriamento à base de água — essenciais para manter a temperatura controlada tanto nos servidores quanto nos ambientes que os abrigam.
Quais são os tipos de resfriamento à base de água?
Entre os métodos mais comuns, está o resfriamento evaporativo, que utiliza a evaporação da água para resfriar o ar. Embora tenha alta eficiência energética, apresenta elevado consumo de água.
Há ainda dois modelos estruturais principais:
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Circuito aberto, que retira água de fontes externas (como rios e reservatórios) e a descarta após o uso — geralmente mais quente, podendo causar poluição térmica.
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Circuito fechado, onde a água circula em sistema isolado e é reutilizada, com menor impacto ambiental, porém maior custo de instalação.
A água utilizada é potável?
Sim. A maior parte da água usada nos data centers é potável, o que acende o alerta sobre o uso de recursos hídricos que poderiam ser destinados ao consumo humano. O problema se intensifica em regiões já afetadas por escassez hídrica, onde frequentemente esses centros são instalados devido ao menor custo dos terrenos.
Essa água pode ser reutilizada?
No caso do resfriamento evaporativo, a água evaporada eventualmente retorna ao ciclo da chuva. No entanto, ela não necessariamente volta para o mesmo lugar. Em áreas secas, a evaporação remove a água do ecossistema local, o que pode agravar a crise hídrica e afetar diretamente a qualidade de vida da população.
Qual é o impacto local dos data centers?
Ao competir pelo uso da água com setores como o agrícola — responsável por cerca de 70% da água potável consumida no planeta — os data centers podem prejudicar comunidades locais. Segundo relatório de sustentabilidade ambiental da Microsoft em 2023, 42% da água utilizada pela empresa veio de “áreas com estresse hídrico”.
Exemplo na vida real: Querétaro, México
Na cidade mexicana de Querétaro, a instalação de data centers da Google, Microsoft e Amazon gerou polêmica. Segundo a jornalista Diana Baptista, da Fundação Thomson Reuters, a região enfrenta seca extrema, com represas quase secando e a população dependendo de água engarrafada e caminhões-pipa.
E o Brasil nisso?
Na América Latina, o Brasil representa 40% dos investimentos em data centers. Para a pesquisadora Marina Otero Verzier, da Universidade de Columbia, o aumento da vigilância ambiental em países desenvolvidos pode estar levando as empresas a buscar alternativas em regiões com menos regulamentações — como a América Latina.
De: Redação / Fonte: Jovemnerd