Nvidia alerta que restrições de Trump a chip custarão US$ 5,5 bi

A administração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, proibiu a Nvidia de vender seu chip H20 na China, uma escalada na batalha tecnológica de Washington com Pequim que custará bilhões de dólares à empresa. A medida também prejudicará uma linha de produtos projetada especificamente para cumprir restrições anteriores dos EUA.

O governo dos EUA informou à Nvidia na segunda-feira que o H20 exigiria uma licença para exportação à China “por tempo indeterminado”. As novas regras refletem as preocupações de Washington de que “os produtos cobertos possam ser usados ​​ou desviados para um supercomputador na China”, afirmou a empresa em um documento. A Nvidia alertou que registrará cerca de US$ 5,5 bilhões em baixas contábeis durante o trimestre atual, vinculadas ao estoque e aos compromissos com o chip.

As ações caíram cerca de 6% no final do pregão após o anúncio, levando a uma ampla venda de ações de empresas de semicondutores, dos EUA ao Japão. As fabricantes sul-coreanas de chips Samsung e a SK Hynix caíram cerca de 3%, enquanto a Advanced Micro Devices (AMD), que compete com a Nvidia no mercado de chips de IA, também teve queda.

As novas restrições estão entre os sinais mais claros até o momento de que Trump manterá o foco nos esforços de Washington para limitar as ambições da China em semicondutores e inteligência artificial. Sua equipe vem explorando essa medida desde o início do governo, informou a Bloomberg News em janeiro, dando continuidade às discussões iniciadas no governo do presidente Joe Biden.

O secretário de comércio de Trump, Howard Lutnick, prometeu ser “muito firme” nas restrições a chips para a China — especialmente após o surgimento da startup de IA DeepSeek. Recentemente, ele sancionou dezenas de empresas chinesas que, segundo autoridades de Trump, estariam supostamente auxiliando os esforços militares de Pequim. Na área de fabricação de chips do país asiático, os aceleradores de IA da Huawei Technologies são os concorrentes mais próximos dos produtos da Nvidia e da AMD, embora ainda estejam significativamente atrás em termos de desempenho.

“O reforço das regulamentações do governo dos EUA sobre a Nvidia pode ser visto como parte da guerra comercial em curso entre os EUA e a China”, disse Tomo Kinoshita, estrategista de mercado global na Invesco Asset Management. “No entanto, também é uma política impulsionada por preocupações com a ascensão da China no setor eletrônico e, nesse sentido, é provável que se torne uma política permanente.”

As autoridades americanas proibiram a Nvidia e outras fabricantes de chips de IA de venderem seus modelos mais avançados para a China em outubro de 2022, devido a preocupações de que a tecnologia pudesse dar a Pequim uma vantagem militar. Desde então, os controles sobre a China se expandiram para incluir um conjunto cada vez maior de ferramentas de fabricação de semicondutores, bem como uma gama mais ampla de processadores e chips de memória de alta largura de banda, essenciais para aplicações de IA.

A Nvidia projetou o chip H20 em resposta às medidas de 2023 que restringiram outro processador com foco na China, o H800, que a empresa lançou após as restrições iniciais. O H20 foi projetado para ser menos potente e não tem um desempenho tão bom quanto as ofertas de ponta da Nvidia para o treinamento de modelos.

No entanto, ele ainda pode ser usado para desenvolver e executar softwares e serviços de IA, e é particularmente adequado para o estágio de inferência: o ponto em que os modelos de IA reconhecem padrões e tiram conclusões.

A medida do governo americano representa desafios para a Nvidia e para as empresas chinesas de IA, que agora enfrentam obstáculos de licenciamento para adquirir o chip e explorar seus poderosos recursos de inferência para implantação generalizada de IA e inovação sustentável, disse Michael Deng, analista da Bloomberg Intelligence.