Projeto da ABDV transforma a Biblioteca Braille Dorina Nowill em espaço de socialização, autoestima e empoderamento às segundas-feiras

O que antes era sinônimo de silêncio e concentração agora pulsa com música e alegria. Às segundas-feiras, a partir das 15h30, a Biblioteca Braille Dorina Nowill, em Taguatinga, se transforma em pista de dança para um grupo de aproximadamente 20 pessoas com deficiência visual. Promovido pela Associação Brasiliense de Deficientes Visuais (ABDV), o projeto oferece aulas de forró, transformando o espaço público em um ambiente de inclusão, socialização e autoestima.

Mantida por meio de parceria entre a Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF), a Secretaria de Educação (SEE-DF) e a Administração Regional de Taguatinga, a biblioteca é um dos únicos espaços do DF voltado exclusivamente para pessoas com deficiência visual. “Aqui a gente conversa, dança, se diverte. É um lugar de muita alegria”, conta Noemi Rocha, fundadora da biblioteca e uma das participantes mais entusiasmadas das aulas. “Já sei fazer o ‘dois pra lá, dois pra cá’, o leque e até dou aquela rodadinha”, brinca, orgulhosa.

A iniciativa rompe barreiras físicas e emocionais. Para quem tem baixa visão ou cegueira total, o início pode parecer desafiador. Mas com orientação adequada, tudo flui. A metodologia das aulas é adaptada: os alunos tocam nos professores para sentir os movimentos e compreender a postura correta. O ritmo ensinado é o forró pé de serra, com foco inicial no xote.

Segundo o professor voluntário, Marcos Espírito Santo, a transformação dos alunos é visível. “Tem gente que chegou com vergonha e hoje entra na sala com confiança. A dança tem feito muito bem pra todos.” A auxiliar Denise Braga reforça que os benefícios extrapolam os passos coreografados: “Melhora autoestima, mobilidade, socialização. A dança mexe com tudo: corpo, mente e coração.”

Para Helena Pereira, presidente da ABDV, o projeto é um antigo sonho concretizado. “A dança liberta. Em festas, pessoas com deficiência são muitas vezes deixadas de lado. Queremos mais do que isso: queremos viver plenamente. Esse projeto é sobre empoderamento e valorização.”

Um dos dançarinos, Sidney de Castro, 63 anos, perdeu a visão há 13 anos. A dança representa para ele um reencontro com boas lembranças. “Já dancei muito forró e lambada. Voltar a dançar agora é como resgatar algo que parecia perdido. Me sinto vivo novamente.”

As aulas ocorrem toda segunda-feira, das 15h às 16h30, com chegada dos alunos prevista para 15h. Após a dança, todos compartilham um lanche colaborativo, onde trocam experiências e sugestões para os próximos encontros. O projeto vai além do lazer: é movimento, saúde, convivência e empoderamento.

Biblioteca Braille Dorina Nowill
Com 30 anos de atuação, o espaço abriga mais de 5,9 mil exemplares em Braille, letras ampliadas e formato tradicional, lidos por voluntários. A biblioteca também conta com um telecentro com computadores adaptados e impressoras Braille, oferecendo acesso à tecnologia e à leitura para pessoas cegas e com baixa visão.

De: Redação / Fonte: Agência Brasília

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