Há apenas uma vaga a ser preenchida na Fórmula 1 para 2021. Justamente, o lugar mais cobiçado do grid. Na verdade, o espaço já tem dono, só que as partes, aparentemente, ainda não chegaram a um entendimento. O que há por trás da demora no acerto entre Lewis Hamilton e a Mercedes?

Logo após o fim da temporada 2020 da Fórmula 1, o grid para o próximo ano ainda não estava completo. Restavam três vagas, lugares importantes e que podem mudar muito a história do campeonato do ano que vem. Mas a semana que passou trouxe dois dos três aguardados anúncios que faltavam: Yuki Tsunoda ganhou a chance de estrear no Mundial no acordo com a AlphaTauri, enquanto Sergio Pérez garantiu presença por mais uma temporada ao fechar com a Red Bull. Assim, só um cockpit segue vago. Justamente o espaço mais desejado da F1. Acontece que esse lugar já tem dono, mas aparentemente há arestas para acertar antes de uma confirmação. Lewis Hamilton e a Mercedes continuam em um estranho suspense sobre uma renovação do contrato que sempre pareceu mais uma questão de tempo do que uma dúvida propriamente.

E isso se torna cada vez mais esquisito quando se percebe que o vínculo com o segundo piloto, Valtteri Bottas, foi sacramento ainda em agosto, quando a disputa estava a todo vapor. O domínio dos carros pretos e a conquista dos títulos de Pilotos e Construtores também acirrou ainda mais as perguntas sobre quando o acordo seria enfim celebrado, para assegurar o maior piloto da história em 2021. E as respostas para essas questões eram sempre no mesmo tom, indicando que o negócio seria fechado durante a parte final da temporada, entre as etapas do Bahrein, Sakhir e Abu Dhabi.

Mas aí veio a infecção de Hamilton pelo novo coronovírus, após a corrida barenita. Na ocasião, Toto Wolff, chefão da esquadra alemã, reconheceu que as negociações teriam de esperar até o momento em que Lewis se recuperasse por completo da Covid-19. “Bem, o cronograma está adiado até que ele se recupere”, disse o austríaco aos jornalistas no Bahrein. “Nós sabemos que precisamos terminar isso, e ambos temos consciência sobre esse assunto. Mas a prioridade agora é que ele fique bem e que o próximo teste dê negativo. Depois, nos encontraremos pelo Zoom ou qualquer coisa para colocar a caneta no papel”, acrescentou.

Por causa da doença, Hamilton não correu no anel externo do autódromo de Sakhir e só retornou para a corrida final, em Yas Marina. Depois do GP de Abu Dhabi, em que terminou na terceira colocação, o inglês foi novamente questionado e disse que “esperava um acerto nas próximas semanas”.

“Nós adoraríamos resolver isso antes do Natal”, disse Lewis. “Quero estar aqui no próximo ano e acho que, como equipe, ainda temos mais a fazer juntos, mais a conquistar dentro e fora do esporte. Espero que possamos começar a conversar nesta semana e fechar antes do Natal”, completou o piloto de 35 anos.

Na última quinta-feira (17), uma atrevida Mercedes jogou nas redes sociais um post que sinalizava para o acordo, com uma indicação de ‘logo’. Aí veio a sexta-feira, e o anúncio era de que Wolff havia assinado por mais três temporadas, o que, em tese, simplifica a questão com Hamilton.  Na sequência da confirmação, o dirigente foi uma vez mais perguntado sobre Lewis e disse que “do meu ponto de vista, tivemos tanto sucesso nos últimos sete anos que não há razão para não continuar. Hamilton vive o auge e vai seguir por algum tempo. E é por isso que não há dúvidas sobre a permanência.”

A resposta veio seguida de uma explicação mais ampla. “Se você se refere ao motivo de não ter um contrato assinado? A razão é simples. Sempre priorizamos terminar o campeonato e não nos distrairmos com questões difíceis, como às vezes são negociações. Mas então veio a Covid-19. Isso nos atrasou um pouco, mas não estamos preocupados. Não estamos marcando uma data especial, pois não queremos nos colocar sob pressão por vocês [da imprensa] enquanto ainda não foi assinado. Cedo ou tarde vai ser feito, com o mais tardar sendo às vésperas dos testes [de 2021]”, contou.

Mas há outro ponto nessa jornada que pode também jogar luz sobre a razão para tanta demora. Pouco antes do GP em Sakhir, Wolff concedeu uma entrevista coletiva, da qual o GRANDE PRÊMIO fez parte. E discorrendo sobre as conversas do novo vínculo com Lewis, revelou que não se trata necessariamente de dinheiro. Estima-se que o heptacampeão tenha um salário anual de US$ 53 milhões, cerca de R$ 270 milhões.

“Temos de reconhecer que Lewis é o melhor piloto de sua geração e talvez o melhor de todos os tempos. E isso precisa de ser premiado, assim como todos nós queremos ser recompensados de maneira justa. E todas as conversas são feitas menos sobre dinheiro e mais sobre como podemos ser melhores, ter uma performance melhor”, afirmou o homem forte da Mercedes.

Lewis Hamilton é o único piloto sem ainda um contrato para 2021 (Foto: Mercedes)

“De certa forma, é ter menos obrigações que um piloto jovem teria, como compromissos com a imprensa e patrocinadores. Então, a gente conversa sobre como podemos reduzir esse estresse para que ele possa ter a melhor performance no carro”, concluiu.

Na mesma sexta-feira do anúncio de Wolff, o britânico afirmou, durante entrevista antes da premiação da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) que ainda pretende começar a negociar “em alguns dias”.

Hamilton e a Mercedes formam talvez a combinação mais bem-sucedida em 70 anos de Fórmula 1. O dono do carro #44 se juntou ao time em 2013 e, de lá para cá, já conquistou 74 triunfos e 72 poles. Ainda, foram sete títulos entre os Construtores. Ninguém venceu mais na era híbrida, que, por enquanto, segue na F1

Por: Junim 10B – Na Trilha Certa

 

 

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