Órgão reforçou que aeronave está no nome do papiloscopista Ronney José Barbosa; G1 aguarda posicionamento da defesa. Helicóptero foi encontrado no Pantanal de Mato Grosso.
Helicóptero com aproximadamente 300 kg de cocaína caiu na região do Pantanal, em Poconé (MT), neste domingo (1º) — Foto: Ciopaer/MT
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) abriu, nesta terça-feira (3), investigação para apurar o envolvimento do policial civil Ronney José Barbosa no caso do helicóptero encontrado com cerca de 300 kg de cocaína, em Poconé (MT), no último domingo (1°). Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a aeronave está no nome do papiloscopista.
- Anac diz que não há registro de venda da aeronave, como alega policial do DF
- Helicóptero que caiu com 300 kg de cocaína está em nome de policial civil
De acordo com o Núcleo de Investigação e Controle Externo da Atividade Policial (NCAP), do MPDFT, policiais federais monitoravam suposta ocorrência de tráfico internacional de drogas, quando encontraram a aeronave (veja mais abaixo). O G1 aguarda posicionamento de Ronney.
“A aeronave está no nome de um policial civil do DF. O MPDFT investigará o possível envolvimento do agente no caso”, disse o órgão.
Na segunda-feira (2), Ronney chegou a afirmar ao G1 que vendeu o helicóptero. Entretanto, a Anac negou que haja registro recente de venda do helicóptero.
“Até o momento, o proprietário Ronney José Barbosa Sampaio não comunicou a venda de sua aeronave, matrícula PT-RMM, que deve ser feita dentro do prazo de 30 dias pelo vendedor, não pelo comprador.”
Porém, o papiloscopista informou que comprou o helicóptero há um ano, portanto, em 2020, e que o recibo da venda foi feito em 25 de maio de 2021. Seguindo a regra da aviação, o registro da negociação deveria ter sido feito até o dia 25 de junho.
“Eu comprei ele [o helicóptero] tem um ano mais ou menos. Mas como eu não tinha dinheiro pra arrumar o documento, eu vendi”, disse Ronney.
Já a Anac afirma que o servidor público do DF adquiriu a aeronave em 30 de abril deste ano e, não, em 2020, como o policial informou. A reportagem tentou contato com Ronney, por telefone, mas ele não retornou às ligações. O espaço está aberto para eventual manifestação.
Registro de aviões em nome de policial civil do DF — Foto: Reprodução/Anac
Ao todo, o policial civil é dono de cinco aeronaves, segundo o Registro Aeronáutico Brasileiro, fornecido pela Anac. O DF1 consultou o cadastro dele na manhã desta quarta-feira (4).
Apenas duas aeronaves estão com documentos em situação regular. Além do helicóptero que caiu, outras duas estão com matrícula ou certificado cancelados.
Transferência de nome
Ao G1, a Anac também informou que o helicóptero foi transferido para o nome do papiloscopista no dia 5 de maio deste ano. (veja mais abaixo).
“Ou seja, ele adquiriu a aeronave no dia 30 de abril de 2021 e o antigo dono registrou a venda no dia 5 de maio, dentro do prazo de 30 dias para comunicar a venda e realizar o registro”, diz nota da agência.
Vídeo: Helicóptero com 300 kg de cocaína cai em fazenda em MT
Na segunda (2), Ronney informou o nome e o contato do comprador à reportagem. No entanto, até a manhã desta quarta-feira (4), o G1 também não havia conseguido falar com o homem, que mora no Mato Grosso do Sul.
De acordo com o policial, o processo de compra e venda de um avião “é igual quando vende um carro”. “Se o comprador não for lá e fizer a transferência para ele também, ele continua no meu nome”, explicou.
Tráfico internacional de drogas
A Polícia Federal monitorava uma possível situação de tráfico internacional de drogas quando encontrou o helicóptero, em Poconé (MT), no domingo (1º). A aeronave, modelo Robinson R-44, matrícula PT-RMM, estava parcialmente destruída, no chão, e com sacos de droga ao redor (veja vídeo acima).
Segundo a Anac, o helicóptero estava com o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) vencido, deste 2017, e não poderia operar.
A PF também informou que o helicóptero é avaliado em cerca de R$ 450 mil e tem capacidade para transportar até três passageiros, além do piloto, e carga máxima de 340 kg. O caso é investigado pela Polícia Federal de Mato Grosso.