Especialistas acreditam que há mais chances na detecção casual que na própria investigação sistêmica.

A mamografia é o exame mais indicado para identificar a doença precocemente, aumentando as chances de cura

Há cerca de uma ou duas décadas passadas, campanha de autoexame para detecção do câncer de mama tomavam todos os meios de comunicação. Porém, há cerca de dois anos, o incentivo à prática tem diminuído gradativamente mesmo com o crescimento de movimentos de prevenção e combate à doença como é o caso do Outubro Rosa. O motivo tem se mostrado cada vez mais claro: confiar unicamente apalpação do seio tem feito com que muitas mulheres demorem para identificar o tumor, o que retarda o tratamento e reduz as chances de cura.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o autoexame deixou de ser recomendado em países mais desenvolvidos há mais de dez anos por não ser capaz de descobrir tumores de até 1 centímetro. A organização destaca que ao se autoapalpar e não identificar alguma alteração, muitas mulheres deixem de procurar atendimento médico e de fazer exames de detecção. Falhas neste rastreamento e a lentidão entre a confirmação e o tratamento contribuem diretamente para a mortalidade.

Os especialistas ainda enfatizam o fato de ser mais comum mulheres identificarem caroços no seio casualmente, por exemplo durante o banho ou na troca de roupa, do que no autoexame mensal. A mudança surgiu do fato de que, na prática, muitas mulheres descobriram a doença a partir de uma observação casual e não por meio de uma prática sistemática de se autoexaminar.

De acordo com a oncologista Elisa Porto, do Centro de Câncer de Brasília (Cettro), o autoexame jamais deve ser descartado. Porém, ele precisa ser associado à mamografia, uma vez que não é capaz de identificar lesões pré-malignas, lesões muito pequenas, antes de se tornarem câncer, propriamente dito, ou seja, não consegue descobrir as lesões quando elas podem ser tratadas mais facilmente.

“Detectado precocemente, as chances de cura do câncer de mama chegam a 95%”, garante a médica. “A mamografia é o exame mais eficaz e precisa ser realizado anualmente a partir dos 40 anos”, recomenda Elisa Porto.

Ainda conforme explica a especialista do Cettro, para mulheres com mamas grandes e densas indica-se, ainda, ultrassonografia mamária ou até mesmo a ressonância da região. “Dependendo do caso, a biopsia também é necessária”, completa.

O estudo Impacto do autoexame das mamas no diagnóstico de câncer de mama em países de média e baixa renda: uma revisão de literatura pulicado na Brazilian Journal of Health Review, dos autores Felipe Azeredo de Castro e Flávio Lúcio Vasconcelos, mostra que mais de 3/4 das pacientes estuadas usam uma técnica inadequada para realizar o procedimento.

Ainda assim, o Ministério da Saúde, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) e a SBM não descartam completamente o autoexame. As entidades orientam a mulher a apalpar as mamas sempre que se sentir confortável, a qualquer tempo, sem nenhuma recomendação técnica específica ou periódica.

Mundialmente, o câncer de mama afeta 2,1 milhões de mulheres anualmente, o que equivalente a 11,6% de todos os tumores estimados. No Brasil, espera-se 66.280 casos novos de câncer de mama, para cada ano do triênio 2020-2022, de acordo com o Inca. Trata-se do tumor mais frequente entre as brasileiras, com alta letalidade.

Fonte. Radio Federal

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui