O Véio do Rio, interpretado por Osmar Prado, implora que o bicho-homem pare de envenenar as águas do Pantanal

Digna de Oscar a emocionante cena do “Véio do Rio” (Velho do Rio), chorando pela contaminação, o envenenamento das águas do Pantanal … e fazendo uma provocação em tom de reflexão profunda sobre a ganância do ser humano.

Do alto dos seus 75 anos, o ator Osmar Prado mostrou que vive um dos momentos mais marcantes de sua carreira na teledramaturgia brasileira. E ele transformou o papel coadjuvante do “Véio do Rio” em um dos pilares de maior emoção e mistério da trama de Benedito Rio Barbosa, reescrita agora pelo neto dele, Bruno Luperi.

A cena, que faz uma crítica direta aos predadores da natureza, foi exibida nesta sexta, 19, no remake da novela feito pela TV Globo e a gente reproduz para você conferir abaixo.

Predadores da natureza

O personagem/entidade vivido por Osmar Prado imprime uma emoção sem passar do tom.

O Véio do Rio é um homem que desistiu da vida de peão, criador de gado e fazendeiro para viver na mata, nos rios… Na trama, ele vira cobra sucuri para proteger a natureza dos predadores inescrupulosos e ensinar à família sobre amor, valores e que “não somos donos de nada” nesse mundo.

As palavras dele na cena antológica

A cena antológica, com imagens em tom de amarelo do pôr do sol, começa com uma batida de cajado no fundo de um rio seco do Pantanal e com palavras simples (e com erros de concordância, como pede o personagem) para que todos entendam:

“Essas água que chega aqui, quando chega, não são mais como era antes. Não são mais tão limpa. Traz nelas veneno, mercúrios… traz o cheiro da morte”, diz o Véio do Rio com a voz trêmula, embargada.

Aí, ele se levanta e começa a questionar: “E donde vem esse veneno que ninguém fala? Que essa gente finge que não vê?”

Então, a imagem abre para mostrar a destruição provocada no Pantanal e ele alerta: “Pior que aquele que mata um bicho é quem envenena as água [sic] do rio, porque esse mata tudo! Mata sem deixar rastro. Mata, às vezes, inté sem nem saber que matou. Tudo que vive no rio morre junto dele”.

Aviso aos desavisados

E o “Véio” explica didaticamente, para os “desavisados”, a tragédia endêmica que eles provocaram, com o desastre que vem logo em seguida:

“O peixe que não morreu envenenado, envenena as ave que vão comer eles. Envenena as capirava, as ararinha, as onça, envenena até o bicho-homem e eu me pergunto: (vira a câmera em close) “Quantos peixe vão ter que morrer? Quantas ave? Quantos bicho de quantas raça diferente vão ter que se ir até que “arguém” faça “arguma” coisa? Até onde vai essa mortandade?”, questionou.

E com a imagem bem fechada no rosto, com os olhos lacrimejando, o “Véio” provoca a reflexão e pede justiça: “Até quando isso vai ficar sem castigo de todas as “mardade” que o bicho-homem faz?”

Com a lágrima começando a escorrer, ele completa: “Até quando? (pausa) Até quando?”, finaliza.

Denúncia em forma de dramaturgia

A cena, com dois minutos e meio de duração, fala de uma história inteira de crimes contra a natureza que acontecem nesse país há anos, décadas!

O texto, a direção, as cores, a emoção do artista foram um grito gigante em defesa do meio ambiente, da natureza, contra a ganância humana.

Deu vontade de sair da poltrona e começar a aplaudir na hora. Foi realmente de arrepiar, pela simplicidade e pela forma como o recado foi dado em rede nacional.

A carreira brilhante do ator

A experiência, a interpretação e a sensibilidade de Osmar Prado enriqueceram muito o que poderia ter sido apenas um texto da novela. Ele, que é escritor, produtor e um dos mais prestigiados atores brasileiros, já ganhou vários prêmios, incluindo dois Prêmios APCA, um Prêmio Guarani, dois Prêmios Qualidade Brasil, e um Troféu Imprensa.

Osmar Prado está na Televisão desde1958, quando estreou na extinta TV Paulista e também iniciou sua carreira no teatro.

O primeiro protagonista dele veio quase 15 anos depois, em 1973 com o caipira Juba, da novela Bicho do Mato, na TV Globo.

Aí não parou mais. Foi Estácio de Helena (1975), Getúlio de Anjo Mau (1976), Pepo, de Pai Herói e Tabaco de Roda de Fogo (1986).

Um dos maiores sucessos dele foi na novela Renascer (1993) interpretando o catador de caranguejos Tião Galinha. Trabalho que o tornou ainda mais popular e fez vencer seu segundo Prêmio APCA como Melhor Ator Coadjuvante em Televisão.

Osmar Prado viveu ainda o dependente químico Lobato em O Clone (2001), o divertido Margarido em Chocolate com Pimenta (2003), o Pai na antológica minissérie Hoje É Dia de Maria (2005), o poderoso Cícero em Ciranda de Pedra (2008) e o coronel Epaminondas Napoleão em Meu Pedacinho de Chão (2014).

Cena com o falecido Cláudio Marzo

E voltando ao Pantanal, na semana passada Osmar Prado contracenou como Véio do Rio numa montagem surpreendente com Cláudio Marzo, justamente o ator que fez o Véio no Pantanal original, da extinta TV Manchete.

Marzo morreu em 2015 aos 74 anos e a equipe de efeitos visuais da TV Globo utilizou inteligência artificial para incluir imagens antigas do ator na trama atual.

O momento emocionante em que Cláudio Marco aparece como líder de uma comitiva de fantasmas e contracena com o Véio do Rio atual (que tudo indica ser um fantasma também, isso ainda não foi revelado) foi ao ar no último dia 20.

Para fazer a homenagem e incluir o rosto de Cláudio Marzo na cena, a equipe de efeitos especiais da Globo usou ferramentas utilizadas em Holywood.

A imagem de Marzo, autorizada pela família, foi retirada da última novela que ele gravou pela emissora, Desejo Proibido, em 2008.

A cena inesperada teve impacto forte no público e movimentou as redes sociais.

Veja aqui como foi o apelo do Véio do Rio para que o “bicho-homem” pare de envenenar as águas (a cena dele no vídeo da novela começa aos 20:47’)

 

Véio do Rio chorando pela destruição da natureza - Foto: reprodução / TV Globo

Véio do Rio chorando contra a destruição da natureza – Foto: reprodução / TV Globo

Véio do Rio em cena antológica implorando pela preservação da natureza - Foto: reprodução / TV Globo

Véio do Rio em cena antológica implorando pela preservação da natureza – Foto: reprodução / TV Globo

Que ator fabuloso!

De: Redação / Fonte:Sonoticiaboa

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