Analistas veem alguns sinais no payroll de que política do Fed está fazendo efeito; alta de commodities e teto da dívida aprovado no Senado também no radar

Após encerrar maio acima de R$ 5, o dólar caminha para encerrar a semana abaixo desse patamar. Às 11h23 (horário de Brasília), o dólar comercial caía 0,95%, a R$ 4,958 na compra e R$ 4,959 na venda, após chegar a uma mínima de R$ 4,947, com uma melhora no sentimento por ativos de risco.

Além de comemorar a aprovação no Congresso de um acordo para suspender o teto da dívida dos Estados Unidos (que tinha pressionado o câmbio no início da semana), os dados do mercado de trabalho divulgados pelo payroll também animam.

Isso apesar de uma criação de vagas muito acima do esperado em maio na economia americana, de 339 mil, ante projeção Refinitiv de 190 mil, o que poderia levar a uma projeção, à primeira vista, de um aperto monetário maior por parte do Federal Reserve.

Contudo, os dados mostraram uma moderação no crescimento salarial nos EUA em maio, aumentando as apostas de que o Federal Reserve manterá os juros neste mês, ainda que haja discussão sobre ser uma pausa temporária.

O ganho médio por hora cresceu 0,3% em maio frente ao mês anterior (em linha com o esperado), enquanto a alta anual foi de 4,3% (um pouco abaixo do consenso Refinitiv, de 4,4%).

“Isso é um efeito suavizador e este é o mítico pouso suave? Parece que sim”, disse Kim Forrest, diretor de investimentos da Bokeh Capital Partners. “Esse número baixo de inflação salarial é uma notícia muito boa para aqueles de nós que acreditam que o Fed deveria fazer uma pausa.”

Contudo, aponta Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, os ganhos médios por hora crescem a uma taxa relativamente constante há 8 meses pelo menos, na esteira da força do mercado de trabalho, e implicam em um vetor de pressão adicional sobre os indicadores inflacionários.

“Apesar disso, o crescimento de 0,3 ponto percentual na taxa de desemprego sinaliza que a pressão sobre os salários pode ser menor no futuro próximo”, avalia a economista. O desemprego, a despeito da criação solida de novos postos de trabalho, passou de 3,4% para 3,7%, a taxa mais elevada desde outubro de 2022 e muito próxima da verificada no período pré-covid. O número de desempregados e pessoas que concluíram trabalhos temporários aumentou em 318 mil.

Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank, aponta que, apesar de o mercado de trabalho estar aquecido, o Fed deve optar por uma pausa na próxima reunião em junho, para observar os efeitos da transmissão da política monetária já implementada até o momento.

“Isso não significa, no entanto, o fim do ciclo de alta. Acreditamos que o Fed ainda deve subir os juros à frente, em razão da inflação persistente em meio a um mercado de trabalho aquecido. Além disso, acreditamos que os juros não começarão a cair antes de meados de 2024”, avalia. Claudia pondera que os cortes podem ser antecipados caso haja um aperto de crédito decorrente do colapso de alguns bancos regionais nos EUA, mas avalia que é algo que parece pouco provável no momento.

Outro ponto é a alta de commodities, com avanço de cerca de 2% do petróleo WTI e do brent, além do minério de ferro na China, o que impacta positivamente a balança comercial nacional.

O mercado ainda segue repercutindo os dados positivos do PIB do Brasil do primeiro trimestre, que foi acima do esperado, ainda que a produção industrial de abril tenha ficado abaixo do esperado. 

De: Redação / Fonte: Infomoney

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